terça-feira, 29 de junho de 2010

“O Dr. Está Fora!”

“O Dr. Está Fora!”
Por Moisés Oliveira*



Quem de nós, curiosos em artes, seja ela Literatura, Música, Dança Culinária, Moda, Pintura, Cinema (...), não fica, no primeiro momento, ao termino de vivencia de uma dessas expressões artísticas sem saber expressar o sentimento de felicidade que toma conta de nossas mentes quando nos identificamos com sua apresentação?
Focalizo minha reflexão na 7ª arte – cinema, cujo filme é, o “O Psicólogo”, traduzido no Brasil com o subtítulo “O Dr. Está Fora”, tendo como atuante principal o ator Kevin Spacey Fowler de origem Norte Americana no papel do Dr. Henry Carter, sob a direção Jonas Pater. A participação de Fowler não se limita a esse filme, pois encontramos a mesma em filmes como, “Beleza Americana” (1999), “Uma Vida sem limites” (2008), “A difícil arte de Amar” (1986), “A Corrente do Bem” (2000) e em outros.
No filme, “O Psicólogo está fora”, o Kevin assume a personagem de um psiquiatra que cuida de importantes personalidades da área do cinema Hollywoodiano, a exemplo do Robin William – vivendo o papel de Jack Holden, Saffron Burrows, Jack Huston, Griffin Dune, Pell James, Robert Logge, Keke Palmer, Laura Ramsey, Gore Vidal, Dallas Roberts e Mark Webber.
O drama ocorre entre 6 personagens principais: uma adolescente passando por problemas de autoestima consequente do suicido da mãe , uma atriz vivendo a separação e sem saber se relacionar com o avanço da idade, um rapaz por nome de Jesus - vendedor de maconha para a alta sociedade, um produtor de filmes com medo de qualquer tipo de contaminação e da morte, uma assistente de produção grávida, por último, belíssima personalidade, o Dr. Carter – vivenciando a problemática causada pelo suicídio da esposa.
Todos os personagens vivenciavam problemas reais tanto para eles quanto para as pessoas que compreendem que não só o seu problema é serio. Vejamos que a atriz sem saber se relacionar com a problemática do avanço da idade, questão vivida por muitas pessoas, principalmente aquelas que percebem a chegada da idade sem ter realizado o projeto de vida que a mesma traçou, não conseguindo aceitar sua velhice; o rapaz que vendia drogas, aparentemente desprovido de problemas de ordem psíquica, porém oferecendo um paliativo para a vida algumas pessoas, viva a sua tranquilamente; o produtor de filmes, de grandes estrelas vivendo em seu mundo de medo, escolhendo algumas pessoas para ele tocar, acreditava assim que a qualquer momento poderia ser contaminado por alguém ou morto por alguma coisa; a assistente de produção vivendo uma vida até então de outras pessoas, seja por ter alugado sua barriga a sua irmã, ou mesmo na aceitação das vontades do seu chefe, tinha um projeto de vida; o Dr. Carter tinha um único projeto de vida, destruir sua vida, seja biológica ou profissional, com ajuda da cânabis e o álcool.
Poderia resumir este comentário dizendo, quem não viu, vá e veja o filme, pois é simplesmente provocador, nos ajuda a pensar a nossa condição humana, nos ajudando a enfrentar nossos fantasmas existências. Mas, ainda não é o momento de ponto final.

O filme reflete a complexidade de problemas envolvidos pela mente humana. Problemas ainda não cristalizados - ainda tornados doenças psicossomáticas, assim como os considerados pela psicologia como doenças de ordem psíquica, ou até mesmo de ordem biopsicossocial.
A tristeza, assunto do livro do Dr. Carter – título, “Pare de se sentir triste” estava entre os 7 mais vendidos, escrito por ele na tentativa de ajudar pessoas a administrarem esse sentimento chamado de tristeza. Mas como pode um livro ajudar pessoas que estão passando por tristeza por falecimento de um ente amado? Como se libertar de um sentimento de tristeza que traz sofrimento?
Sentimentos vivenciados com mais intensidade pelo Dr. Carter e por Jemma, pois os dois tinham perdidos pessoas amadas. Entretanto, é no encontro dessas histórias de sofrimentos que a luz no fim do túnel aparece para que os mesmos deem continuidade as suas vidas.
O recomeço faz parte da vida vivida por nós, simples mortais. Isso enquanto houver vida para ser vivida, terminada com a morte. No filme o Dr. vai ao fim do porço e na morte encontra a vida. Às vezes precisamos “morrer” para encontrar o sentido de viver outra vez. Quantos de nós vegetamos em vez de viver? Vivendo como zubins esperando a morte chegar? Às vezes temos que solicitar ajuda, mas a quem? Penso que viver intensamente a tristeza e enfrentá-la, mas mergulhar na profundeza da melancolia e se ver como coitadinho e coitadinha é o final da vida. O filme passa, entre outras mensagens, a mensagem de que devemos identificar nossos problemas, compreendê-los e tentar transformar, caso não sejamos felizes com eles, ou aprendermos a conviver com os mesmos.

Oliveira, Moisés Batista Santos. Professor de Filosofia e História do Estado e professor de Psicologia do Trabalho da FBE ( Fundação Bahiana de Engenharia)









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