segunda-feira, 28 de junho de 2010

Nada é Por Acaso: 1ª parte.

Por: Moisés Batista santos de Oliveira:

Nada é por acaso vai refletir, no primeiro momento, a origem e o contexto do surgimento do Consenso de Washington (neoliberalismo), a política que norteia sua ação e a Globalização; no segundo momento estabelecerá possíveis relações com a reflexão proposta e com atual crise que o mundo está vivendo. Para tanto, se faz necessário fazer o resgate da origem do pensamento econômico neoliberal, assim como alguns pensamentos da Revolução Industrial.

“Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete (...). Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas (...). (...). A divisão de trabalho, na medida em que pode ser introduzida, gera, em cada oficio, um aumento proporcional das forças produtivas do trabalho escreve ele”. Adam Smith, 1723-1790. Os Pensadores, p. 363, 1999.

Com a chegada da Revolução Industrial, nome adotado por causa das transformações vividas consequentes da Revolução Francesa, a relação entre o homem e a natureza modifica-se, passando a existir uma divisão nítida de quem faz o quê dentro das fabricas. Sendo assim, se inicia o pensamento, a ideia fixa de que o homem pode dominar a natureza através da tecnologia. Essa ideologia inaugurada à era da Revolução Industrial, representando um novo momento na história da humanidade. Esse novo pensar vai além da relação homem / máquina como escrito no fragmento de texto acima. O liberalismo econômico deixa de ser uma ideia para se tornar realidade. Segundo Smith, “a força produtiva do trabalho estava na divisão do trabalho e não da acumulação do dinheiro”.

Quanto mais divisão de trabalho mais produção, mas riqueza, segundo Smith. o fragmento de texto acima representa o finalzinho do século XVIII, época qual o mundo estava entrando no processo tecnológico de implantação do capitalismo profissional. Momento de surgimento de grandes mudanças na área da economia, natureza e cultura, “Esse processo torna-se tão associado à introdução de máquinas nas indústrias que acaba simbolizado pela máquina a vapor (...)”.

A nova época inaugura uma nova relação de trabalho, uma nova forma de penar e agir, “assim, implica uma nova organização da atividade produtiva: Basicamente a substituição do sistema doméstico, em que cada artesão (...) executava um trabalho inteiro (...)”. Os Pensadores, p.365,1999.

Cautelosamente pode ser afirmado que esse novo momento trouxe a implantação da máquina, divisão de trabalho, surgimento das fabricas, indústrias, trabalho infantil, assim como a exploração das mulheres no trabalho fabril, à separação mais significativa entre classes – trabalhadora e patrão, e o surgimento de sindicatos, etc.

As transformações não só estavam ligadas aos aspectos econômicos e tecnológicos. Mas também a uma nova mentalidade ideológico de perceber o mundo, de tratar as pessoas. A visão economicista trazia grandes transformações ao cenário europeu, depois estendendo-se para o mundo Ocidental.Um novo paradigma se apresentava. Mais ou menos assim:

A economia torna-se uma dimensão da realidade - até seria considerada a realidade por excelência,
De que tudo o mais deriva - e, como tal, merece uma análise própria: a economia política. Os pensadores, p.366,1999.

Vivia-se um momento em que a política estava submetida ao poder econômico, todas as decisões, seja ela qual fosse, passava antes pelo retorno financeiro, pelo capital; fato vivido até hoje em pleno século XXI. Nada é por acaso, essa nova forma de pensar e agir era uma resposta à política mercantilista, “ao longo do século XVIII, como reação à política mercantilista pela qual o governo intervinha nas atividades econômicas (...)”. Os Pensadores, p.367,1999.

Laissez faire, laissez passer (“deixar fazer, deixar passar”). Segundo os Pensadores, era o lema dos fisiocratas, que estavam preparando o terreno para o liberalismo econômico. “Um sistema de livre concorrência que consolidaria a economia capitalista e a Revolução industrial”. Os Pensadores, p.367.

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