segunda-feira, 28 de junho de 2010

A FILOSOFIA É O ABSTRATO INALCANÇÁVEL

Por: Ivandilson Miranda *

Num mundo em que se prioriza mais o TER do que o SER, nós seres humanos temos limitações para alcançar as coisas abstratas e dificuldades para valorizar aquilo que a priori não tem valor.

É lógico que precisamos ter casa, ter emprego, ter dinheiro para fazer determinadas coisas, pois estamos num sistema capitalista (o mérito da questão não é um debate político-ideológico sobre modos de produção). Mas, é fundamental ser amigo, ser irmão, ser amoroso, ser crítico, ser cético, ser utópico, ser...

Às vezes, ou na maioria das vezes, só valorizamos as questões que envolvem uma reflexão sobre a nossa condição de SER quando perdemos alguém próximo, quando a relação amorosa não vai bem ou já acabou, quando somos demitidos, quando o TER está ameaçado. Aí refletimos sobre nossas emoções, sobre o que estamos gostando de fazer, sobre como estamos tratando as pessoas em casa e no trabalho, sobre como estamos vivendo de forma tão dura, fria, pragmática e automatizada

TER e não SER é estabelecer uma distância incomensurável com o abstrato, é não se predispor ao menos ao risco e a ousadia de cutucar o infinito. “Preciso aprender a ver o que não se vê, para me transformar no que o amor quiser.” canta o músico Jorge Vercilo na música Invisível.

A Filosofia e a possibilidade do conhecimento crítico nos coloca diante dessa prazerosa missão de saber e ao mesmo tempo de reconhcer que nada sabemos. Sócrates, um dos primeiros filósofos que reconhceu essa dinâmica, nos deu uma grande lição com o SEI QUE NADA SEI e o CONHECE-TE A TI MESMO.

Merleau Ponty, pensador contemporâneo afirmava que “filosofar é reaprender a ver o mundo.” Traduzindo em miúdos: precisamos perceber melhor a realidade, os dias passam e não são iguais e a necessidade de TER compromete a possibilidade de SER.

O Ter é absoluto, concreto, imediato, temporal. O Ser é processo, atemporal, histórico, infinito. A Filosofia é o abstrato inalcançável e como canta Vercilo em sua música paradigmática: “Eu quero ver o invisível, prever o que está no ar.

Eu preciso SER para TER e não TER para SER ou pereder para SER.

• Professor de Humanidade da UNIME - Salvador, professor de filsofia da FBE e mestrando em Cultura e Scociedade.
• Graduação em filsofia pela UCSsal e pós em Metodologia em Educação pela UNEB.

Um comentário:

  1. grandioso escritor pensador em busca da batida perfeita: equilíbrio no ato do pensar e agir.
    Excelente texto,espero em breve mais presentes como este.
    abraços

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