quinta-feira, 1 de julho de 2010

VONTADE DE SE ENCONTRAR

Por Moises Oliveira

Há mais ou menos uns 2 anos ouvir de um professor de sociologia da Universidade Federal da Bahia, em uma das aulas de Sociologia das Emoções, “ Salvador estava sendo a Cidade do desencontro”. Falava Ele que as pessoas não se encontravam mais como antes na Cidade.

No mesmo período conheci algumas pessoas envolvidas com música, com pedagogia, com sociologia, com bebida, com dança que gostavam muito de curtir as noites, fosse para dançar, beber, conversar, se encontrar nas casas dos amigos para comer, beber, conversar, paquerar, ouvir música, dançar, ir ao cinema, teatro, tocar, cantar etc. Tinha também encontros prazerosos com alguns amigos antigos, a exemplo do mestre dos magos - professor Ivandilson, o prof.: Chico, o mestre Luís, Marcos.


Em algumas noites essa turma reservava um tempinho para as baladas, como diz Magari, “Sábado à noite na calada da noite todo mundo vai pra festa”. Lugares como Escadaria dos Passos, sobre a direção do maestro Jerônimo e convidados; no Sankofa sobre o comando de Magari, participante do Grupo Válvula de Escape, dono de uma admirável voz e de uma mistura rítmica musical transmissora de uma pegada gostosa onde convida todas as pessoas para dançar; e o Grupo musical qual Xanda canta, no mesmo espaço em dia diferente; O cravinho com os seus tira-gostos gostosos e sua diversidade de bebidas prazerosas; O MAN abençoado pelo mar e por arvores, arquitetura colonial, cinema, museu, pelas bonitas pessoas e pela boa música.

Algumas vezes em uns desses lugares pessoas da turma falavam de suas inclinações por romances literários, por poesia, por música, por filosofia. Dizia Sâmara, “tenho que ganhar um livro de Clarice”, “Nietzsche é o cara”. Dizia Talita, “adoro Nietzsche”, entre outros dizeres. Houve uma noite, quando comíamos pizza perto de minha casa, Sâmara nos apresentou, a mim e a Talita, um texto de Rubens Alves. O texto era tão envolvente que nos envolvemos emocionalmente, onde em algum momento a vida de uma das três pessoas se assemelhou ao que estava sendo lido.

Pois, transformamos o objetivo de forma mágica, passando de comer pizza e beber cerveja a beber cerveja, comer pizza e falar sobre nossas emoções, nossos limites e desejos. Não recordo muito bem o título do texto, lembro-me que ele falava sobre liberdade, prisão. Mas isso não tem muita importância. O mais importante foi o momento mágico que vivenciamos.

Enquanto comíamos, bebíamos e conversávamos, em alguns momentos discordando e em outros concordando, nascia solitariamente à idéia: VONTADE DE SE ENCONTRAR, com a intencionalidade de vivenciarmos outros momentos mágicos como o que estávamos vivenciando. A idéia, que deixou de ser solitária depois de alguns minutos, era reunir, além das pessoas que já faziam parte das baladas, outras convidadas por cada um de nós.

Esses encontros deveriam ser em lugares, a exemplo de casas e em outros ambientes apropriados para fazermos uma busca as produções e a biografia de romancistas da literatura brasileira, músicos, musicistas, poetas, poetizas, Filósofos, filosofas a exemplo de Clarice Lispector, Lima Barreto, Mario de Andrade, Vinicius de Moraes, José Lins do Rêgo, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Rubens Alves, Mario Quintana, Manuel Bandeira, Chico Buarque, Gonzaguinha, Luís Gonzaga, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Bob Marley, Curtis Mayfield,Wilson Pickett, James Brown, Marvin Gaye, Beethoven, Cazuza, Tim Maia, Sócrates, Platão, Nietzsche, Habermas, Michel Foucault, Marilena Chauí etc.

Assim como falar de nossas emoções – sentimentos, como tristeza, esperança, angustia, alegria, paixões, raiva, sonhos; projetos de vida, seja político universal ou político pessoal,
Prazer de encontrar amigos e vivenciarmos nomes da literatura romântica, da música, da poesia e da filosofia.

Como Vocês leram acima, “esses encontros deveriam acontecer...”. Hoje me pergunto: Por que não nos encontramos mais? Será que o sábio mestre que hoje está presente entre nós só com suas ideias registradas em vários livros tinha razão, “Salvador a cidade do desencontro”?
Vamos nos encontrar?

2 comentários:

  1. Ao querido e sensível professor Gey Espinheira onde quer que esteja.
    Saudações professor, dono de uma profunda racionalidade e extrema sensibilidade.

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  2. Lembro dessa situação... Foi uma explosão de anseios, semelhanças e sentimentos.
    A preciosidade dessa noite foi a vontade de compartilhar com o outro, a deliciosa forma de viver a vida. Onde o que já estava bom ... entre bebidas , pizza, amigos e papos. Veio a arte , Um texto de Rubem Alves ( A menina e o pássaro encantado) Que nos levou a emoção de compartilhar com o outro a emoção causada, onde nossas vidas se atrelavam ali. Causando um bom momento de idéias e sentimentos dialogados e compreendidos com leve discurso .

    Vamos aquecer a vontade que surgiu nessa noite, por que foram reais os bons sentimentos causados e o desejo de partilha que a arte nos causou.

    Obs.: Um tema que gostaria muito de “discutir” é esse que me causou uma inquietação.
    Onde Gey Espinheira. Expressou que Na arte do encontro Salvador não é mais a mesma.

    Enfim... hermeticamente acontecem atalhos ou empecilhos na nossa vida.
    Vamos aquecer essa vontade de se encontrar?!

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