sábado, 29 de maio de 2010

" odeio política"!

“Odeio política”!

O texto a ser construído foi inspirado pela frase acima proferida, em uma das minhas aulas de atualidade, por uma aluna. Ela expressou-se de forma forte e consciente a sua revolta e indignação sobre a forma dos políticos profissionais brasileiros existentes em diversos partidos,quando utilizam o poder público em vossos benefícios, ao pronunciar a frase, “odeio política”!

Com calma perguntei-a se confiava em mim como professor. A resposta depois de alguns segundos foi que sim. Diante da resposta convidei-a a trilhar comigo o caminho apresentado abaixo.

Rapidamente percebi que a política que ela estava se referindo não era a que nasceu na Grécia antiga, juntamente com a filosofia, oriunda do grego, significando politikós, referente à, “Tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, aos negócios públicos” (Dicionário básico de filosofia, p.215, 1998).

Logo descobrir que a semântica estava respaldada no conhecimento do senso comum, “Em uma acepção mais típica do pensamento moderno, o senso comum é um conjunto de opiniões e valores característicos daquilo que é corretamente aceito em um meio social determinado” (Dicionário básico de filosofia p.244, 1998). Então, esta forma de entender a política é a que também está posta na sociedade por meio da ação de muitos políticos, os chamados políticos partidários, os pertencentes aos partidos políticos.

A política que não se encontra hoje no senso comum, desconhecida por uma grande parte da sociedade brasileira, nasceu simultaneamente com o Estado grego, polis grega. Ela foi inventada pelos homens justamente pela força da palavra, do discurso para administrar o caos, a desordem, o impasse, a desigualdade, a injustiça e, para substituir, a guerra, a violência.

Hoje assistimos tantas desordens no espaço público, a exemplo do crescimento da violência, mortes realizadas por traficantes, por grupos de extermínios e por policiais; envolvimento de crianças e adolescentes no tráfico de drogas, toque de recolher, etc. Diante desses acontecimentos, quase nenhuma solução política para administrar esta situação é tomada, a não ser a presença brutal e amedrontadora de policias nos bairros menos assistidos pelo Estado.

A violência se perpetua a cada dia na cidade, sem escolher bairro. Sendo que os mais atingidos são aqueles onde o Estado, invenção burguesa, de inspiração da clamada Revolução francesa, não se faz presente por meio de políticas públicas emergenciais, a exemplo de segurança para os cidadãos e cidadãs, saneamento básico, lazer, escolas de qualidade, esporte, incentivo a cultura, política de ações afirmativas etc.

Vale ressaltar que sem uma justa medida para mediar os conflitos provenientes dessa irresponsabilidade de administrar o público, pessoas ficam a mercê das falsas policias e dos traficantes de drogas. Abrindo, portanto, espaço para o imperativo, quando a justiça se faz ausente à violência impera.

Enquanto falávamos sobre essa forma de política perguntei a minha aluna com sede de justiça, com raiva da pseuda forma de fazer política: O que você odeia é a política ou a forma que muitos políticos utilizam à política?A mesma se colocou em silêncio por alguns minutos, depois me respondeu, em forma de pergunta: Mas, tem essa forma de política? Eu não sabia, não!

Para esses falsos políticos, a maneira de indignar-se da minha aluna somada a milhões de habitantes brasileiros, é uma forma de mantê-los no poder e de se beneficiar dos bens públicos, comuns a todos e todas.

Sem sombras de dúvidas, a forma de administrar os recursos públicos, a cidade, o Estado, a polis, está sendo realizada de forma ideológica. Ideologicamente de 4 em 4 anos,justamente para a reeleição ou eleição de muitos que buscam na política partidária o seu sustento econômico pessoal e familiar com o discurso de querer fazer o bem para à população.

Enfim, entendo a minha aluna, mas não refurta-me-ei da ação política de possibilitar que ela, outros e outras tenham acesso à outra forma de se pensar e atuar politicamente. Precisamos nos ater, a eleição está chegando. Não que a Copa do Mundo, que ocorrerá na África do Sul, não seja importante, mas devemos desde já atribuir à mesma importância a eleição qual está sendo dedicada a esse evento, mesmo porque o futuro de muitos brasileiros será decidido no ato do voto.

Referência Bibliográfica:
JAPPASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia, 3ª Ed. Jorge Zhara, Rio de Janeiro, 1998.

OLIVEIRA, Moisés Batista Santos. Graduado em filosofia pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), especialização em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação (UNEB), Professor de filosofia do Estado, de Psicologia do Trabalho na Fundação Baiana de Engenharia ( FBE) e do Cursinho Comunidade Universitária, Alagados.

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