segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A lista NEGRA da OAB-SP



Por: Moisés Batista Santos de Oliveira

Quem não ficou sabendo que o Sr. Francisco Everardo Oliveira (o palhaço Tiririca) candidato pelo PR, D.F, foi o Deputado Federal mais votado do Brasil – 1,3 milhão,? Quem também não ficou sabendo que o mesmo deveria apresentar à justiça eleitoral declaração afirmando ser alfabetizado, só assim poderá sentar em uma das cadeiras da Casa dos Deputados Federais? Os curiosos e curiosas no acompanhamento deste episódio também sabem que o promotor eleitoral (Maurício Antonio Ribeiro Lopes), em entrevista em um jornal de Brasília, disse: “"Advogado é sórdido", se referindo ao advogado de Tiririca( Ricardo Vita Porto), isso porque o mesmo tinha protocolado a declaração faltando 10 min. para fechamento do fórum . Assim também, como ficaram sabendo da polêmica gerada por esta afirmação.Entretanto, nada disso chamaria minha atenção para escrever este texto se não fosse a declaração de representante da OAB-SP, dizendo que o nome do promotor poderia ser incluído na lista NEGRA da entidade.

Lista negra, mulher de cor negra. Negro, cor escura; preto; muito escuro; sombrio; escurecido pelo tempo ou pelo sol (...) homem de raça negra (...). É só passear no minidicionário de Silveira Bueno da língua portuguesa para saber a fonte da origem de negra e negro. Estamos quase na comemoração do dia 20 de novembro, data comemorativa do aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, homem negro que muito fez para que homens e mulheres negros se tornassem livres e vistos como iguais, como cidadão e cidadã.

A OAB, enquanto uma instituição asseguradora da democracia e da pratica ética dos seus membros no exercício de sua profissão, deveria ter mais cuidado com frases, “lista negra” ou outras, que liga a cultura negra a coisa que não presta. Quer punir o promotor por ter cometido o mesmo, como foi dito, “a ofensa tem conotação criminosa (...), que faça, mas não de forma pejorativa e ofensiva aos homens e mulheres que muito fizeram e estão fazendo para imprimir outra conotação à cor negra, ao negro. Pois, negro é nossa cultura e preto a nossa cor. Thaís Araújo, atriz negra, em propaganda no globo televisão, diz isso muito.

Assim como a Ordem dos Advogados, de São Paulo, quer entrar com queixas contra o promotor por ele ter se referido à classe dos advogados de sujos, nojentos, infame, obsceno, deveríamos também, nós, militantes do movimento negro, militantes em favor da valorização dos negros e negras, brancos a favor do extermínio do preconceito e do racismo, entrar na justiça criminalizando a OAB-SP. por proferir frase de conotação pejorativa e racista que afeta a autoestima e inibição de muitos negros e negras se assemelharem, a se identificarem com a cor negra, com a cultura negra.

Muitos negros e negras, brancos também, que ainda não entenderam que frases como a dita por integrantes da OAB, assim como ouras encontradas, lamentavelmente, em livros didáticos em sala de aula, em televisão, em jornais e outros veículos de comunicação, só faz reforçar o pensamento do senso comum, “negro não presta, não tem valor, pois só está assemelhado ao que não presta, a coisas nagativas. Precisamos gestar outra forma de dizer as coisas, de desassociar o ser negro, a cor negra a coisa que não presta. Nós, brasileiro, somos tão criativos na arte de criar frases novas, por que então não mudarmos a forma de falarmos algumas frases velhas? A OAB- SP. poderia dizer lista de comportamento inadequado; de postura não condizente com nossa ética, com nossa prática. A OAB deveria ser mais provido, pois não foi nada providencial na luta do combate ao preconceito e do racimo. Se faz necessário pensarmos também como as frases estão conceituadas nos dicionário, para buscarmos mudanças nos mesmos.

Autor: OLIVEIRA, Moises Batista Santos. Professor de filosofia e História do Estádio da Bahia e professor de psicologia da Fundação Bahiana de engenharia.

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